O Head of People & Culture em Kids Corp, discute as iniciativas da empresa diante dos desafios regionais e das transformações internas, para atingir seus objetivos de crescimento e liderança global.
Kids Corp é uma empresa de 70 pessoas que espera crescer para 110 até o final de 2024, com operações na Argentina, Uruguai, Brasil, México e abertura de escritórios nos Estados Unidos. O objetivo de regionalização para este ano apresenta desafios especiais para a área liderada por Sabrina Ricardo, juntamente com a transformação de uma empresa de serviços em uma empresa focada em produtos ligados à tecnologia.
Talent & Company: Em que consiste essa mudança no posicionamento da empresa?
Sabrina Ricardo: É um projeto que teve início há dois anos e começou a se concretizar em 2023, aprofundando-se em 2024. O Kids Corp tem como foco o segmento de menores de 18 anos e tem muito know-how em gerenciamento de mídia para esse segmento, que é difícil de lidar porque, devido a regulamentações internacionais, os cookies não são permitidos. Portanto, não há como rastrear os comportamentos e o uso da plataforma por crianças. O que costumávamos fazer era executar campanhas para nossos clientes B2B e, atualmente, nos tornamos uma empresa de tecnologia, lançando um novo produto no mercado. Com esse produto, as empresas B2B, como as agências, podem se autogerenciar não apenas para segmentar e direcionar, mas agora também têm a tecnologia para executar suas próprias campanhas. Estamos integrados a mais de 100.000 canais do YouTube, mais de 80.000 aplicativos compatíveis e 150 experiências de metaversos em outdoors. data Trata-se de uma invenção no mercado global que combina tecnologia e todas as informações que temos sobre como o segmento de menores de 18 anos se comporta. Obtemos essas informações por meio de pesquisas de mercado, não por cookies. Somos uma empresa de nicho, com conhecimento especializado no que fazemos.
Talent & Company: Como essa transformação afetou os recursos necessários e a composição da equipe?
Sabrina Ricardo: Temos um grande desafio na área de People & Culture para garantir que as equipes estejam à altura desse caminho, seja de conhecimento técnico ou de soft skills. Por isso, nosso foco em 2024 é acompanhar o desenvolvimento das equipes e treiná-las, principalmente com a expansão para os Estados Unidos. Naquele país, há uma forma de trabalho mais orientada para resultados, muito eficiente, e também temos o desafio de trazer nossa forma de trabalho para um perfil mais performance orientado, com excelência operacional. Por outro lado, nossas principais habilidades estão relacionadas ao mercado de mídia digital, mas também temos experiência em diferentes setores: entretenimento, fabricação de brinquedos e bens de consumo, que são nossas três verticais de trabalho. Isso significa que complementamos as duas áreas de conhecimento. Tudo isso faz da People & Culture uma área estratégica dentro da empresa.
Talent & Company: Você encontra os talentos de que precisa?
Sabrina Ricardo: Sim, o que o Kids Corp tem é um forte foco no talento humano. Ela tem um objetivo diferente, que é tornar a plataforma da Internet, a mídia digital, um ecossistema seguro para menores de 18 anos. Portanto, esse objetivo, mais a proposta de valor para o funcionário, mais a possibilidade de crescimento global, nos torna muito atraentes. Estou na empresa há sete meses, e meu objetivo é que a proposta de Pessoas e Cultura atenda a esses novos desafios, oferecendo suporte às pessoas. Temos uma proposta global muito tentadora; temos 80% de chance de nos tornarmos o número um do mundo no que fazemos, porque somos uma empresa de tecnologia em um segmento muito específico.
Talent & Company: Com relação ao objetivo, há algum trabalho cultural para que os funcionários participem ativamente dele?
Sabrina Ricardo: Quando entrei na empresa, o ponto mais forte era sua cultura. É uma equipe muito colaborativa e especializada. Um de nossos valores é sermos únicos, portanto, as habilidades únicas que os funcionários têm são muito incentivadas, destacadas, e há muitas oportunidades para que todos sejam protagonistas dentro da empresa. É uma combinação: não se trata apenas do objetivo de ter um ecossistema seguro, mas também das oportunidades de se destacar, de ser ouvido, de ter flexibilidade, autonomia para propor e executar. Não importa o nível de cada um dentro da empresa: essa experiência, inovação e empreendedorismo, que são nossos valores, são vivenciados na cultura organizacional.
Talent & Company: Como isso é implementado?
Sabrina Ricardo: Por exemplo, o que fizemos em 2023 foi redefinir a estrutura organizacional, tornando-a simples, colaborativa e focada no cliente. Para isso, foi preciso definir cada função dentro da empresa, seu impacto no negócio e entender sua diferenciação e especificidade. Temos uma matriz cruzada por três variáveis: expertise em cada um dos três setores em que atuamos, os mercados que cada um atende e o tipo de operação que cada um faz. Havia uma definição de níveis, desde o trainee até o C-level. Tudo isso, recebendo feedback sobre o que precisava ser melhorado na empresa. Para 2024, estamos redefinindo nossas reuniões, cerimônias, o que será feito em cada reunião, com que frequência nos reunimos e qual é o objetivo. A participação e a satisfação em cada reunião serão incentivadas e medidas. Outro de nossos marcos culturais é o Offsite, que é uma reunião anual de três dias com representantes de todos os países. Todos os objetivos anuais são revisados lá, e usamos o espaço para criação, cocriação, atividades de inovação e também para nos conhecermos além do trabalho. Trata-se de sermos especialistas e únicos.
Talent & Company: Com relação aos benefícios, o que é mais apreciado?
Sabrina Ricardo: Nossa média de idade é de 33 anos e, excluindo a equipe de gestão, é de 27 anos. É um segmento jovem, com uma divisão de aproximadamente 50% entre homens e mulheres, e a realidade é que as preferências de benefícios dependem muito dos interesses individuais. Gostamos de ter flexibilidade nos benefícios; temos uma plataforma em que cada um traça sua própria jornada por meio de "kids coins", moedas da empresa que eles recebem mensalmente e podem usar para escolher descontos em supermercados, um voucher para manicure ou corte de cabelo, pagar uma academia, se quiserem. Ao mesmo tempo, isso nos ajuda a avaliar as preferências e rastrear quais benefícios são mais usados. Também incentivamos fortemente o treinamento de idiomas. Até dois meses atrás, o inglês e o português, e o espanhol para os brasileiros, eram um benefício; agora é necessário um treinamento para que todos estejam à altura do desafio de chegar aos Estados Unidos, de modo que toda a empresa está tendo aulas de inglês, muito voltadas para os negócios, em grupos de até três pessoas. 2024 será um ano de treinamento e desenvolvimento. Estamos implementando a gestão de desenvolvimento de pessoas, implementando OKRs (resultados-chave objetivos) para que todos conheçam seus objetivos e possam acompanhar se estão alcançando-os, fornecendo-lhes as ferramentas necessárias.
Talent & Company: Você tem algum projeto de promoção de liderança?
Sabrina Ricardo: Planejamos oferecer treinamento de liderança para os líderes incipientes, iniciais ou com potencial para se tornarem líderes. Para identificá-los, em março, estaremos implementando o teste psicométrico PDA para que eles possam entender que tipo de perfil têm, cruzá-lo com as descrições de cargos e entender como resolver essa lacuna, se houver. Lá, identificaremos as pessoas-chave, os cargos-chave e, no segundo trimestre do ano, abordaremos um plano de treinamento de liderança, muito focado em habilidades interpessoais, gerenciamento de equipes, gerenciamento de tempo, gerenciamento de feedback. Para a equipe de gestão, estamos nos concentrando em contar histórias para poder dizer e vender o que fazemos e ter uma apresentação de acordo com as expectativas.
Talento & Empresa: Em sua experiência como funcionário, o que você tem interesse em não deixar de lado em sua função atual?
Sabrina Ricardo: Em minha experiência como funcionária, uma coisa que estou interessada em não deixar de lado em minha função atual é estar perto das pessoas. Acho que é essencial oferecer apoio. Não gosto de microgerenciamento, de dizer às pessoas o que fazer, mas sim de dar-lhes oportunidades, ajudá-las a identificar o que querem alcançar e como, tanto para os próprios líderes quanto para suas equipes. Minha função é dar suporte e fornecer as ferramentas para isso. Ao ouvir e estar perto das pessoas, que é o que eu gosto em trabalhar com uma equipe pequena, vejo a possibilidade de aprimorar o conhecimento de cada pessoa, quais são seus interesses e em que áreas podem melhorar. Acho isso muito enriquecedor.