No início do mês, a Repórter Brasil informou que o TikTok foi condenado em 1ª instância pela Justiça do Trabalho por não tomar providências contra a exploração do trabalho infantil artístico em sua plataforma, contrariando o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente. A decisão, a qual a empresa pode recorrer, determina que a Byte Dance Brasil, dona do TikTok, pague uma indenização de R$ 100 mil por danos morais coletivos, a ser revertida para fundos governamentais em defesa da infância.
Ricardo Wako, Country Manager, Kids Corp Brazil
A decisão obriga ainda a empresa a não permitir a atuação dos influenciadores mirins, a menos que haja autorização judicial para tal. A notícia não especifica se o conteúdo artístico considerado inadequado envolvia alguma marca comercial, uma possibilidade bastante plausível, que pode trazer consequências indesejadas para a empresa anunciante.
Sabemos que crianças e adolescentes do mundo todo estão presentes nas redes sociais, sejam como usuários, sejam como creators e influencers. Para além da discussão conceitual sobre a linha que separa diversão de trabalho, em se tratando de produção de conteúdo, o fato é que são poucos os veículos e plataformas que atendem aos pré-requisitos de segurança necessários tanto para a plena proteção dos usuários menores de idade quanto das marcas que queiram se conectar com eles nestes ambientes.
Por desconhecimento ou visão parcial do ecossistema, que privilegia o perfil da audiência e o alcance da plataforma sobre as bases do modelo operacional destes players ou o teor do conteúdo veiculado, muitos gestores de marcas aderem inadvertidamente a estratégias potencialmente danosas a seus consumidores e à reputação de suas empresas. Imagine a situação de uma marca associada às manchetes do caso citado no início deste artigo, envolvendo exploração de trabalho infantil?
Assegurar que todo o ecossistema de comunicação comercial voltado ao público infantojuvenil é nossa razão de ser enquanto empresa, e prestes a completarmos uma década de atuação, consolidamos conhecimento profundo sobre o público menor de idade, e a forma mais segura e eficiente se se fazer comunicação comercial para ele. A seguir compartilhamos 5 dicas para apoiar as marcas neste desafio:
1. Priorize soluções concebidas preservando a privacidade dos usuários
Certifique-se de que as campanhas e plataformas utilizadas estejam em conformidade com os regulamentos da LGPD. Evite coletar quaisquer dados pessoais (como identificadores persistentes, geolocalização ou gravações) sem o consentimento explícito dos pais.
- O que fazer: use uma tecnologia que permita segmentar anúncios sem a necessidade de dados pessoais, como segmentação baseada em contexto.
- O que não fazer: não use cookies ou tecnologias de rastreamento que criem perfis de usuários U18.
2. Segmentação baseada em conteúdo
Segmente campanhas exclusivamente por meio de contextos seguros alinhados com crianças. A segmentação baseada em conteúdo garante que os anúncios alcancem o público certo sem comprometer sua privacidade.
- O que fazer: selecione sites e apps seguros para a marca e adequados para crianças.
- O que não fazer: evite exibir anúncios em sites ou plataformas que não sejam projetados ou moderados para o público infantil.
3. Seja transparente e claro
Certifique-se de que as mensagens publicitárias sejam honestas e fáceis de entender, sem enganar ou confundir o público. A comunicação deve ser adequada para que tanto as crianças quanto seus pais entendam o conteúdo de forma simples.
- O que fazer: Use linguagem clara e recursos visuais que tornem a mensagem direta e acessível.
- O que não fazer: Não use termos ou estratégias complexas que possam gerar confusão ou falsas expectativas.
4. Crie experiências publicitárias seguras e envolventes
Use formatos criativos que capturem a atenção de maneira ética e apropriada. Anúncios curtos, minijogos ou outdoors digitais em metaversos como o Roblox são opções eficazes.
- O que fazer: criar anúncios que respeitem as habilidades de compreensão do público infantil, usando personagens e temas apropriados.
- O que não fazer: não redirecione crianças para mídias sociais adultas ou conteúdo que não esteja alinhado com a idade delas.
5. Envolver todos os atores do ecossistema
Garantir um ambiente seguro para o público sub-18 é uma responsabilidade compartilhada que requer a colaboração ativa de marcas, agências, plataformas e criadores de conteúdo.
- O que fazer: Trabalhe com fornecedores de tecnologia que priorizem a segurança infantil e trabalhem em conformidade com a LGPD.
- O que não fazer: não use plug-ins de terceiros ou redes de anúncios que não garantam a conformidade regulatória.
Ao aderir a essas dicas, as marcas podem criar conexões significativas, seguras e eficazes com públicos menores de 18 anos e, ao mesmo tempo, manter suas responsabilidades éticas e legais.